sexta-feira, 29 de abril de 2011

O retorno amargo da provocativa Erin Toughill



A bonitona e fanfarrona norte americana, Erin Toughill

No MMA não faltam falastrões. Chael Sonnen, Nick Diaz, Josh Koschek... A lista é grande.  Entre as mulheres, também existem algumas fanfarronas notórias. Dentre elas, Erin Toughill ocupa um lugar central. Marloes Coenen, a diva holandesa da Golden Glory, já disse, pós luta, que Toughill era a arrogância em pessoa. Talvez não estivesse errada. O cartel da Toughill (10-3-1) – termômetro maior da carreira de uma lutadora – demonstra que sua trajetória vai bem, obrigada. Ganhou muito mais que perdeu. Lutou (e ganhou) contra grandes adversárias, como a própria Marloes Coenen e Megumi Yabushita.


No dia da pesagem,  Erin em pose com Ashley Sanchez, sua algoz.

No entanto, Erin, com seus 33 anos, e uma carreira no boxe deixada pra trás quando ingressou de vez no MMA, passa por momentos difíceis. Desde 2009 fora do cage, recentemente fez sua última luta (09/04) no Freestyle Cage Fighting 46, perdendo por decisão unânime para a novata e desconhecida Ashley Sanchez. Todos ficaram surpresos com esse resultado.

Depois das vitórias arrasadoras de Cris Cyborg, Erin Toughill parecia a única lutadora capaz de parar a máquina de muay thai curitibana. E a própria Erin, em mais um de seus atos de fanfarronices, chamava pra si essa responsabilidade. A cada vitória da Cris, ela provocava, com frases do tipo “estou quase com medo de você, Cyborg”. Provocava e corria, diga-se de passagem. O Strikeforce fez todos os esforços pra casar essa luta. Scott Coker passou todo o ano de 2010 adulando a americana, que, entre a fanfarronice e a malandragem, saía pela tangente. Dizia que tinha se machucado, desistiu de lutar com Shana Olsen, parecia recuar do combate que tanto tinha contribuído para incentivar. Coker, que não é uma mãe generosa, depois de tantas desistências e desculpas, abriu mão de vez de Erin Toughill.

Em vocabulário de lutadores, podemos dizer que a moça arregou. A verdadeira razão, talvez não se saiba. Mas nesse último embate, Erin, acima do peso desejado pra categoria 145 pounds (66 kg), se mostrou lenta demais, pesada demais e pouco agressiva.  Não utilizou praticamente nada do seu repertório vasto de jiu-jitsu. Levou a luta em pé e foi uma espécie de sparring da danadinha da Sanchez. A luta foi monótona. Deu sono. Esperávamos mais do seu grande retorno, daquela que se colocava como a única capaz de fazer frente à temida Cris Cyborg. A julgar pela sua última luta, Toughill necessita urgentemente rever suas falas na mídia, que não têm correspondência com sua atual postura dentro do cage. Não sei se é mal de lutadores que passam muito tempo fora da ativa (vide o caso de Kaitlin Young e Mauricio Shogun) e quando retornam, passam aquele vexame...

Bom, apesar de tudo, ainda considero Erin Toughill uma excelente atleta, dentre as poucas opções na categoria 145 pounds. Sonho em vê-la lutando com a Cyborg, afinal, ela própria que me botou pilha! Mas espero também que a Erin seja mais humilde, baixe o peso, engula o orgulho e aprenda mais com essa amarga derrota. Quem sabe assim ela não seja a adversária que tanto esperamos pra fazer um combate à altura da grandeza de uma lutadora como Cris Cyborg.

Link pra ver a luta:



 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pra começo de conversa...

Cris Cyborg: ícone de um esporte em construção, o MMA feminino.


Olá, me chamo Jeane, tenho 28 anos e sou muito apaixonada por MMA feminino. Não me considero tão experiente assim no assunto, tampouco sou uma neófita. Busco aqui um espaço pra expôr livremente idéias, fomentar discussões e enriquecer o debate sobre a presença das mulheres no esporte que movimenta milhões de corações e mentes, o MMA (Mixed Martial Arts - antigo vale-tudo). Criei esse blog com o intuito de compartilhar minhas impressões sobre lutas femininas, sobretudo as do Strikeforce e do Bellator, que têm mais destaque na grande mídia, mas sem deixar de prestar atenção em outros eventos. Vasculhando na net, não encontrei nenhum blog direcionado ao WMMA. Talvez  este não seja o primeiro, e, se for, ficarei feliz em poder contribuir mais com um assunto que logo estará na boca do povo.


No entanto, discutir o WMMA parece ser tarefa delicada. Não gosto de sexismos, de opinões machistas e nem de senso comum - o que predomina nos escritos desse gênero. Os fóruns sobre MMA, em grande parte, são um território árido, permeado por opiniões agressivas e grosseiras. Posicionamentos prá lá de misóginos (não sabe que palavra é essa? Pesquise!). Fica a pergunta: por que não falar desse esporte incrível de forma elegante? Creio que o meu querido colega Nico Anfarri preencheu, magistralmente, esta lacuna. Seus escritos são um deleite para aqueles que sabem apreciar a beleza selvagem de dois (ou duas) em uma jaula. Nico Anfarri consegue traduzir a emoção pro papel (ou pra web). Aviso, de antemão, que não tenho esse intento (e nem talento).


Não sou lutadora, a não ser dessa vida imensa. Também não sou educadora física. Talvez meu olhar não tenha o respaldo técnico que alguns poderiam exigir. Mas é um olhar de quem acompanha apaixonadamente o MMA e sente falta de um espaço pra discutir MMA feminino, para além do velho questionamento: "podem as mulheres lutar ?". Nem me detenho mais nessa indagação (inútil). Depois da existência de atletas do porte de Cris Cyborg, Megumi Fujii, Tara LaRosa, Satoko Shinashi, Sarah Kaufman, Gina Carano,  Zoila Frausto, Jessica Aguillar, Marloes Coenen e Miesha Tate, é até vergonhoso  voltar aos antigos questionamentos.



Atualmente, a pergunta que se coloca ao MMA feminino, na minha opinião, é essa: o que fazer para encontrar boas lutadoras e como treiná-las para que alcancem um nível excelente? Vamos pensar no futuro... Não tenho muita paciência pra justificar com argumentos feministas porque não devemos ter preconceito em relação a entrada das meninas nesse esporte. Isso eu deixo para outras e outros. Melhor é falar sobre o que já existe, celebrar as glórias concretas e o sabor amargo de um esporte que oscila entre o quase anonimato e a insistência de quem ainda vai rir por último e acabar descobrindo que assim se ri melhor. E longa vida às lutas de mulheres!